[Short-Fic] Nomes e Pílulas

ATENÇÃO: Esta fic trata de suicídio. Retrata uso de drogas e intenções suicidas.

Pensamentos. Palavras. Nomes. Tudo corria pela cabeça de Dave, e ele se olhava no espelho do banheiro. Desde que vira o namoro de Kurt e Blaine dando certo, se punia por não poder fazer nada a respeito. Não tinha "saído do armário" e nem pretendia. Mas também não conseguia conter o forte sentimento que ele vinha tentando aprisionar.
Cortes. Arranhões. Sangue. Ele fazia aquilo para aliviar a dor emocional, não encontrava outro meio. Os braços apresentavam cicatrizes, que eram escondidas devido ao uniforme do time de futebol. Nada disso adiantava, pra falar a verdade. Era um alívio que durava segundos, mas logo a dor estava ali de novo.
Pílulas. Drogas. Bebidas. Tudo era misturado. Dave queria esquecer o rosto de Kurt, queria esquecer que tudo estava dando certo para todos. Só esqueceram de fazer algo dar certo para ele. Ele abriu um armário e pegou um vidrinho de remédio, com umas pílulas. Encheu um copo d'água e virou as pílulas todas de uma vez. Tentava engolir tudo de uma vez. Com mais três vidros desses, voltou ao quarto. Abriu uma gaveta e pegou outro tipo de pílulas, e não do tipo que se vende em farmácia. Aos poucos, já havia engolido tanto as drogas quanto os remédios.
Sua cabeça girava. Pegou um papel, uma caneta. Começou a escrever algo, nem ele sabia o que estava fazendo.
"Mãe, me desculpa. Eu não queria ser uma decepção. Mas eu sou gay. E sempre fui. Por favor, fale para Kurt Hummel, que eu sempre gostei dele, e que vou gostar pra sempre.
Te amo, mãe.
Dave"
Deitou na cama e não sentia suas pernas, nem seus braços. Olhou para o lado, e viu os bonequinhos de casamento que havia pego de Kurt, antes do casamento de Burt e Carole. Chorava. "Então é assim que as pessoas se sentem quando choram?", ele pensava. Não se lembrava da última vez que chorara, talvez nunca havia chorado por alguém. Mas talvez fosse só o efeito das pílulas, aumentando os sentimentos e as sensações. A última coisa que ouviu, foi uma batida na porta. E tudo ficou escuro.